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ISSN: 2359-0211

2014 - Mesa 2

Debatedor: Edgar Rodrigues Barbosa Neto (Pós-Doc - PPGAS/MN)



“Meio civilizados”: mestiçagem e antimestiçagem nos Vales do Rio Doce e Mucuri oitocentistas
Roberto Romero [2º ano do Mestrado]


Resumo: No final do século XIX, o Aldeamento de Itambacuri destacava-se como exemplo de sucesso e prosperidade em toda a província de Minas Gerais. Ali, desde a sua fundação por missionários capuchinhos em 1873, reuniram-se indígenas conhecidos (e temidos) como Botocudos, dentre eles Naknenuks, Giporoks, Aranãs e Pojichás. Ao esforço inicial de atraí-los e aldeá-los - frequentemente prejudicado pela recusa veemente destes povos em se fixarem junto aos “portugueses” e seus inimigos tradicionais - vieram se somar dificuldades de várias ordens para a sua conversão à civilização. Os eventos que transcorreram em Itambacuri no ano de 1893 pode bem as demonstrar: “os selvagens, que há muito tempo foram chamados ao ceio da civilização (...) sublevaram-se contra os ditos missionários, ferindo-os gravemente a flechadas.” (Palazzolo, 1952: 189). A partir deste evento e de outras revoltas indígenas registradas na região naquele período pretendo articular os temas da guerra indígena e da guerra contra os indígenas que ali tomaram lugar. Proponho pensar estes movimentos a partir dos ideais de mestiçagem, então amplamente empregados na catequese indígena, e da ideia de antimestiçagem (Kelly 2010, 2011) como seu contraponto político e guerreiro.
Palavras-chave: Antropologia Política; Antimestiçagem; Guerra indígena

Os Tembé/Tenetehara de Santa Maria do Pará: diálogos e representações a partir da Antropologia
Rhuan Carlos dos Santos Lopes [2º ano do Doutorado]

Resumo: Dos tempos dos Tembé/Tenetehara no Maranhão até os dias atuais, no Pará, a Antropologia tem se dedicado a estudar a trajetória desse povo. Em consonância com os contextos acadêmicos e políticos, historicamente localizados, essa disciplina contribui/contribuiu com diferentes imagens sobre os Tembé/Tenetehara, muitas das quais se ligam imediatamente às demandas políticas da própria etnia. De maneira geral, os antropólogos estão entre os intermediadores de processos de legitimação e/ou inserção desse grupo no “panteão” de indígenas brasileiros. Isto posto, este trabalho propõe um percurso nesses variados discursos antropológicos, considerando a minha inserção no diversificado grupo desses pesquisadores e em diálogo com a Arqueologia Histórica. Trata-se de evidenciar como imagens acerca dos Tembé/Tenetehara são erigidas e derrubadas, cristalizadas e abrandadas, considerando as premissas dos antropólogos. A literatura especializada, as narrativas Tembé e o exercício do trabalho de campo são as fontes privilegiadas neta comunicação. Assim, o que pretendo é fomentar o debate sobre a produção do conhecimento antropológico, no qual a voz do interlocutor soa com diferentes tons.
Palavras-chave: Povos indígenas. Amazônia. Discurso antropológico. Arqueologia Histórica.
A antropologia de varanda em uma sala de aula: Sobre índios e crianças em uma escola no Rio de Janeiro
Guilherme Moreira Fians [2º ano do Mestrado]

Resumo: Essa pesquisa se baseia em um encontro – que acompanhei em meu trabalho de campo - entre crianças de seis e sete anos de idade, alunas de uma escola localizada no  bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, e dois ex-moradores da Aldeia Maracanã – sendo um “índio” e um “não-índio”. Um dos pontos centrais da proposta pedagógica da  Escola Oga Mitá, onde essa pesquisa foi realizada, é a “valorização da cultura  brasileira”, levando em consideração suas diversas manifestações, e invocando  principalmente elementos de culturas indígenas. Como parte desse projeto, uma das  iniciativas tomadas pela escola foi convidar dois defensores da causa indígena para  “apresentarem seu povo e sua cultura” para as crianças da turma do segundo ano do  Ensino Fundamental.
A intenção desse trabalho é explorar as aproximações e afastamentos gerados a  partir desse contato - no qual, tal como em uma antropologia de varanda, os índios vêm  até o meio dos brancos para explicar sua cultura -, e, ao mesmo tempo em que promove  uma identificação, também estimula questões relativas à humanidade do índio, identidade, pertencimento e diferença.
Palavras-chave: Criança; Escola; Teoria Antropológica